Semana passada o caso das universitárias de Bauru que pediam a “desmatricula “ de uma colega de turma de 40 anos , causou indignação geral na imprensa e nas redes sociais.
Duas coisas me chamaram atenção além do óbvio etarismo.
A primeira é falta de consciência dessas mulheres ainda jovens de que ao fazer isso elas estão alimentando o preconceito do qual serão vítimas em pouco tempo. O segundo se refere a total ausência de sororidade.
A sororidade é definida como “a união e a aliança entre mulheres, baseadas na empatia e no companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum”
Resumindo:
sororidade = mulheres que apoiam mulheres
ou
sororidade = “ninguém solta a mão de ninguém “
A ausência de sororidade entre as mulheres é uma barreira importante na progressão de carreira das mulheres.
Ouvi de uma talentosa gerente de uma grande empresa brasileira que ela sofreu assédio moral durante a gravidez de sua segunda filha e que ao voltar de licença maternidade estava com uma indicação de desligamento, que só não aconteceu porque houve uma mudança na gestão.
Mulheres sofrerem assédio durante a gravidez e serem demitidas após o seu retorno, não é novidade. Infelizmente segundo um estudo realizado pela FGV metade das mulheres são desligadas até 2 anos após a licença maternidade .
Esse caso, entretanto, me chama atenção em razão do assédio vir de uma executiva mulher e também mãe de dois filhos.
Entendo que as organizações brasileiras têm uma grande responsabilidade em inspirar a sociedade com os seus exemplos sobretudo aquelas que ousaram levantar a pauta de diversidade e inclusão.
Acredito que alguns passos importantes foram dados. Olhando para apenas cinco anos atrás, poucas empresas brasileiras ousavam levantar esta pauta que atualmente permeia o planejamento estratégico da maioria senão todas as grandes organizações nacionais e estrangeiras.
De uma forma em geral, todas seguem uma cartilha de criação de vagas exclusivas, programas de inclusão, aceleração de carreira e criação de grupos de afinidade.
Estudos mostram que apesar de todos os esforços os avanços nos últimos cinco anos foram muito modestos em relação, por exemplo , a mulheres em posição de liderança.
O meu wakeup call de hoje é um convite para que possamos ir um pouco mais profundo na questão e analisar a qualidade das tomadas de decisões.
Como essas pessoas estão sendo gerenciadas?
Deixo, portanto, uma lista de perguntas para as lideranças em geral que me segue aqui, e principalmente para as lideranças de RH.
- Na taxa de desligamento de sua empresa, qual o % de pessoas 50+?
- No seu mapa sucessório, qual o % de mulheres mapeadas como sucessoras?
- Qual o % de sucessores 50+?
- Dos desligados, qual o % de mulheres que acabaram de retornar de licença maternidade?
Essas mesmas perguntas podem ser feitas para os demais recortes de diversidade da sociedade, porque no final do dia o que estamos tratando é de um modelo socialmente construído que estabelece um padrão de bom, belo, e melhor que exclui todos os demais.
Esses dias fiquei ocupada assistindo e refletindo sobre o documentário
MAKERS: WOMEN WHO MAKE AMERICA que vocês podem encontrar em 3 partes no You tube.