A liderança que aprende – o que sou capaz de fazer quando não sei o que fazer.

Entrei no mundo corporativo na década de 90. Já se vão 30 anos.

Nesses tempos já se falava dos desafios da liderança em um mundo complexo. Mas, pensando em retrospectiva, não se sabia ao certo com qual complexidade lidaríamos e quão complexo o mundo do trabalho seria.

Tudo que se apresenta como incerto, instável e desconhecido pode ser definido como complexo.

Quanto mais complexa a situação, menos a liderança pode se apoiar em conhecimentos, habilidades e experiências anteriores para tomar decisões.  Logo, quanto mais complexo o contexto, mais a liderança precisa aprender rapidamente e ser capaz de construir novas sinapses para observar, julgar e tomar decisões. Em outras palavras, construir uma resposta para a pergunta : o que sou capaz de fazer quando não sei o que fazer ?

Quase três décadas depois, é que estamos de fato lidando com um cenário, que eu considero, com complexidade realmente desafiadora.

Esse cenário se revela nas questões sociais amplificadas pelas redes sociais.

A expansão da consciência social de pessoas que estavam fora do jogo corporativo e agora dizem: “ eu quero fazer parte” e a ousadia das organizações que abraçaram a causa da diversidade e inclusão permeando seus valores e cultura trouxeram esse desafio para as suas lideranças.

Agora que já sabemos o O QUE , precisamos entender e aprender sobre o COMO.

É sobre como as lideranças corporativas se desenvolvem para liderar neste cenário diverso combinando todo o seu repertório de competências adquiridas até aqui e inserindo outros conhecimentos. Revisitando, especialmente , as suas crenças sobre gestão e especialmente sobre as pessoas.

É sobre liderar a diversidade encontrando formas de compreender duas necessidades básicas dos seres humanos, o desejo de ser único e o de pertencer.

Até aqui a gestão é fascinada pelo o que é objetivo e mensurável (relatórios de demonstração de resultados, indicadores), entretanto, esses instrumentos não são capazes de lidar com esse novo cenário.

E a primeira reflexão é sobre inserir a intuição e o subjetivo na tomada de decisão, e neste ponto demarco a importância de valorizar essas habilidades inatas da liderança feminina.

A segunda reflexão é sobre compreender que em cenários complexos, velocidade e competência não bastam, é preciso inserir humildade (para admitir que não sabe tudo), aprendizado e saber atuar na e para a coletividade.

E por fim, desenvolver a ESCUTA ATIVA e EMPÁTICA, como habilidade essencial.

Cada pessoa, respeitando sua singularidade, pode fazer o seu plano de desenvolvimento individual para se aperfeiçoar, fazendo as suas escolhas de como prefere aprender. Faço apenas uma recomendação:  escolha experiências multissensoriais para ampliar a sua agilidade de aprendizagem.

Vou partilhar uma experiência de desenvolvimento pessoal que me ajudou no meu processo de aprendizagem como liderança.

Em 2015 , eu estava de férias em uma viagem para Fernando de Noronha e já estava muito reflexiva sobre as transformações  que o mundo trabalho estava vivendo e como isso me desafiava como liderança.  Encontrei o Henrique Pistilli que é um atleta de body board e também um facilitador de ações de desenvolvimento humano e organizacional que possui uma experimentação no mar chamada Sea Coaching e consistia em entrar nadando no alto mar de Noronha.

A experiência do sea coaching foi muito auto reveladora, e ficou bem acima das minhas expectativas.

A curiosidade, a princípio, foi o que me moveu. Queria vencer os meus medos do mar, ao mesmo tempo que eu gostaria de experimentar novas habilidades e me desafiar pessoalmente, além disso eu tinha um objetivo profissional em identificar no mercado novas possibilidades de treinamento para mim e para as lideranças que apoio.

Não posso dizer que relaxei e meditei durante a atividade. De fato, a tensão física e mental permaneceu durante todo o processo, mas não reduziu a experimentação. Aliás, o fato de ter ficado alerta tanto aos movimentos do meu corpo quanto a minha respiração e perceber bem a capacidade de ação e reação, me fez refletir que eu poderia e teria condições físicas de ousar mais, o meu medo e o meu autojulgamento me impediu de ir mais longe e com isso me perguntei onde e quanto mais deixava de ir quando tenho capacidades para ir e os meus medos me impedem.  Também me perguntei sobre quais outras habilidades precisariam desenvolver para lidar em ambientes desconhecidos e incertos.

Outros aprendizados que tive foi que inicialmente eu tentava lidar no mar com o mesmo recurso que utilizava na terra e sendo o mar um outro ambiente é necessário utilizarmos outros recursos. Algumas vezes, o coach me lembrou que ao sinal de qualquer “perigo” imaginário, eu voltava para o padrão antigo.

Em algum momento eu disse “a água tá se movendo muito “e o meu coach me perguntou “Qual ambiente não é móvel?”  Ele me disse ainda “Mergulhe, vai para o profundo da água, você verá que tudo vai ficar mais calmo “

De fato, não podemos afirmar que os ambientes são firmes, apenas sabemos que navegamos melhor em uns que em outros, e em mundos que mudam a todo instante, como encontrar um caminho seguro para seguir?  No profundo de nós mesmos.

Caso vocês queiram mais recomendações de ações de desenvolvimento, me enviem um e-mail que envio sugestões mais personalizadas.


Para agora, recomendo a leitura dos seguintes livros:

Teoria U do Otto Scharmer
O Palhaço e o Psicanalista  de Christian Dunker & Cláudio Tebas
Humble Inquiry do Edgard Schein