Por que as mulheres estão deixando as suas posições de liderança?

Renúncias recentes de mulheres influentes em posição de poder reativa o debate sobre os desafios que as mulheres enfrentam ao ambicionar posições mais altas em suas carreiras.

O caso da Jacinda Ardern foi notícia no mundo todo, em um dos seus pronunciamentos ela diz está pronta para ser irmã e mãe. Lembro que em outubro de 2022 a Liz Truss, Primeira- Ministra do Reino Unido também renunciou após 40 dias na posição. O caso da Liz Truss também chama atenção pois ao assumir, a imprensa dizia apostar se ela duraria mais que um pé de alface.

Também muito recente li sobre a saída da CEO de um banco de investimento no Brasil.

Segundo ela após ter vivido dias intensos, gratificantes, desafiantes, “decidi que era hora de desacelerar e focar na minha vida pessoal”.

O que essas histórias têm em comum?

  1. As 3 histórias são de mulheres que chegaram aos mais altos cargos de liderança institucional;
  2. Elas relatam nas entrelinhas o desejo de cuidar das suas vidas pessoais;
  3. Elas sofrem pressões e julgamento de suas capacidades.

Ao ler sobre essas notícias eu sempre tenho dois sentimentos, o primeiro é sentar-me ao lado delas para acolher e apoiar a decisão, e dizer o quanto as admiro pela coragem em tomar decisões tão difíceis e por expressarem a sua vulnerabilidade.

O segundo sentimento, é o desejo de entender os entornos que precisam ser investigados coletivamente que fazem com que as mulheres estejam desistindo de suas posições de liderança.

Precisamos entender esses entornos, porque esses casos citados aqui não são isolados.  O relatório da empresa Mackinsey&Company “Women in the workplace 2022” apresenta dados curiosos.

Nos últimos cinco anos os progressos são muito modestos no que tange a inclusão feminina, variando de 1 a no máximo 6% a mudança no pipeline. Além disso, os dados revelam que para cada 1 mulher promovida para a posição de liderança 2 estão desistindo.

Atuo como mentora de muitas mulheres que estão ou desejam estar em posição de liderança nas organizações, além disso, também facilito workshop com esse tema em organizações que tem como pauta incluir mais mulheres em seus programas de diversidade e inclusão que se propõe a atrair e promover mais mulheres para as posições de liderança.

Essas renúncias recentes deveria nos fazer repensar os aspectos ligados a cultura ( da sociedade ou da organização, ou ambos) e aos conteúdos das práticas organizacionais que estão sendo implantadas para que desta forma, possamos garantir ENTORNOS/ AMBIENTES, que favoreçam a liderança feminina em todos os seus aspectos , para que possamos permanecer e fluir em favor da transformação pretendida.

Aparentemente os programas de inclusão feminina nas organizações focados na entrada (promoção ou contratação), não estão dando conta da complexidade existente nas questões de diversidade e parecem estar enxugando gelo.

Creio que dar um passo mais profundo nesse ambiente (social e organizacional) é um chamado importante agora.

Assim, gostaria de convidar os profissionais entusiastas dessa temática a colocar um olhar compreensivo sobre o mundo masculino que permeia a nossa sociedade. Acredito que a combinação potente, saudável e empática das energias femininas e masculinas nas organizações pode construir o caminho que aspiramos.  E que não tenhamos mais que escolher entre a vida profissional e a vida pessoal.


Sugiro os documentários abaixo que estão disponíveis no Youtube, e caso vocês desejem ter o relatório da Mckinsey&Company me chamem no privado.

https://lnkd.in/dvBqb3Uv ( The mask you live in)
https://lnkd.in/d62aqhZ2 ( o silêncio dos homens)